Epistemologia e didática do currículo cultural da Educação Física

O currículo cultural da Educação Física se anuncia como uma proposta-aposta que fomenta o diálogo entre a escola e as questões que permeiam a atual sociedade multicultural, globalizada, neoliberal e profundamente desigual. Professores-artistas traduzem suas bases epistemológicas – teorias pós-críticas – em encaminhamentos pedagógicos quando tematizam as práticas corporais por meio de vivências, leituras e escrituras de novas formas de pensar, fazer e dizer sobre elas. O currículo cultural da Educação Física indaga e desestabiliza as relações de poder que atravessam as práticas corporais e os modos como as culturas as produzem e influem aqueles que delas participam, apreciam, criticam ou menosprezam. Com centralidade na cultura, põe em evidência a subjetivação promovida pelas brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas, tensionando a forma como discentes e docentes se percebem no mundo, possibilitando que os limites que fixam suas identidades sejam postos sob suspeita, escancarados, alterados, transgredidos. O currículo cultural da Educação Física aposta em novas tecnologias culturais que potencializem práticas de liberdade e ações solidárias diante dos imperativos governalizantes e fascistas que assombram os difíceis tempos em que vivemos.