Bem estar na cultura: consumo de satisfações?

Hoje, com a permeabilidade da informação unificada, midiatizada e manipulada, mesmo que convergente e interativa, pode-se falar em meios de produção de conteúdos ideologicamente comunicáveis. Esta perspectiva fica evidente quando analisamos a produção de conteúdo intencionalmente falso ou desvirtuado para promover confusão, insegurança e ódio e, em muitos casos, em benefício de um indivíduo, grupo ou organização. As fake news e sua inevitabilidade na vida contemporânea, são o emblema da produção de conteúdo ideologicamente comunicável dos nossos tempos. Como pensar estes fenômenos com as ferramentas da teoria psicanalítica, ainda mais, sabendo que, desde o início do século XX, as ideias da psicanálise e outras regionalidades científicas, aplicadas pragmaticamente, permeiam todos osrecantos da vida cotidiana, sob a forma de discursos capitalistas, da publicidade e da propaganda, inspirando mundos possíveis, expressando e construindo valores sociais, mas também, moldando mentalidades e formatando subjetividades? Estas e outras considerações e indagações nortearam a produção dos capítulos deste livro, a seguir apresentados, reunindo professores e pesquisadores relacionados ao curso Cultura Material e Consumo: perspectivas semiopsicanalíticas, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. "Bem-estar na cultura: consumo de satisfações?" procura dar visibilidade aos avanços reflexivos interdisciplinares deste grupo de pesquisadores, ao mesmo tempo que abre um convite a tantos outros professores e investigadores preocupados com a compreensão dos complexos fenômenos do nosso tempo, atravessados que estamos pelo consumo e pela midiatização sem precedentes, mas comprometidos com a indução de caminhos possíveis para uma coletividade em melhores bases, uma luz para o bem-estar na cultura.